RISCOS E TRATAMENTOS

É de conhecimento comum da comunidade médica que a diabetes, síndrome metabólica decorrente pela falta de insulina ou devido sua incapacidade de exercer adequadamente seus efeitos, o que leva a um aumento da glicose no sangue, atualmente ganhou status de “mal do século”.

Trata-se de uma epidemia que já atinge 422 milhões de pessoas. E que se expande rapidamente à medida que a população envelhece. Só que pouca gente sabe disso e menos gente ainda se preocupa com essa grave doença que está diretamente relacionada com o estilo de vida.

Por isso fizemos este artigo para falar sobre a diabetes e os cuidados que se deve ter com este paciente na odontologia.

Pacientes diabéticos precisam de cuidados especiais no consultório odontológico. O dentista deve fazer um questionário para obter informações sobre o controle da doença, uso de medicamentos, alimentação e, o mais importante: saber a taxa de glicemia e só começar um tratamento se o nível de glicose estiver dentro do recomendado.

Os cuidados com pacientes diabéticos na Odontologia envolvem ainda a escolha do anestésico, requisição de exames e orientações sobre as melhores técnicas de higiene bucal.

Diabéticos com a doença mal controlada correm o risco de ter mais complicações dentárias. Os problemas vão desde dificuldade na cicatrização, maior sangramento durante uma cirurgia, mau hálito, infecções por fungos e bactérias e surgimento de doenças periodontais, que podem causar a perda do dente.

 Mas o que é diabetes afinal?

O diabetes é uma doença crônica que acomete 422 milhões de pessoas no mundo, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). O diabetes se caracteriza pela baixa produção de insulina (tipo 1) ou quando o organismo não consegue utilizar a insulina produzida (tipo 2). Essa alteração leva, a longo prazo, o comprometimento da estrutura vascular dos órgãos.

O diabetes é responsável por 5% de todas as mortes no mundo por ano. Quando mal controlado, traz complicações como: doença renal, má circulação nos pés e membros inferiores, problemas de visão (glaucoma, catarata, retinopatia), problemas bucais e infecções por fungos ou bactérias na pele.

Muitos brasileiros têm diabetes, mas não sabem, já que o diagnóstico costuma vir após os 40 anos. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o principal fator de risco para o diabetes tipo 1 é a genética. Já para o tipo 2, a lista é maior:

  • Pressão alta
  • Pré-diabetes (glicose de jejum alterada)
  • Colesterol alto
  • Síndrome metabólica
  • Pai ou irmão com diabetes
  • Doença renal crônica
  • Síndrome de ovários policísticos
  • Distúrbios psiquiátricos, como esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar
  • Apneia do sono

Cuidados com pacientes diabéticos no consultório

Antes da consulta, o dentista tem de fazer uma espécie de questionário com o paciente. O dentista precisa extrair o máximo de informações sobre o paciente para saber se ele é ou não portador de diabetes. Muitos pacientes não sabem que têm a doença e, às vezes, é o dentista que descobre.

Sabendo que existe o diagnóstico do diabetes, o dentista precisa saber qual o tipo, se 1 ou 2, se está controlado, se toma insulina, qual o tipo e em quais horários. É recomendado fazer a medição da glicemia antes dos procedimentos que envolvam cirurgias ou consultas longas.

O atendimento odontológico do paciente com diabetes pode ser igual ao de um indivíduo sem a doença, desde que a taxa de glicose esteja controlada e tenha autorização do médico.

Como o diabetes afeta os dentes

Os portadores do diabetes que não sabem que têm a doença ou não a controlam adequadamente correm o risco de ter vários problemas bucais, que diminuem a qualidade de vida.

O diabetes mal controlado pode provocar a diminuição do fluxo salivar. Esta é uma alteração importante para a saúde bucal, uma vez que a saliva mantém a temperatura ideal da boca. A redução da saliva provoca a elevação da temperatura da boca e cria um ambiente favorável à proliferação de bactérias, aumentando o risco de mau hálito, infecções e cáries.

Além de controlar a temperatura na cavidade bucal, a saliva é responsável por começar o processo de digestão, já que contém enzimas digestivas. Assim, sua diminuição acarreta em sobrecarga para o sistema digestivo.

Outro agravante da redução do fluxo salivar é a gengivite que, quando não tratada, pode causar sangramento da gengiva, provocar partos prematuros, nascimento de bebês com baixo peso e endocardite bacteriana, que é a infecção das válvulas cardíacas. Estudos científicos mostram uma relação entre diabetes e doenças da gengiva, como gengivite e periodontite.

A doença periodontal é uma infecção que prejudica a estrutura do dente e, se não tratada, pode resultar na perda dentária.

 A Análise da Câmara Técnica de Periodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) aponta que as complicações da doença periodontal são mais severas nos pacientes diabéticos do que em indivíduos com os níveis de glicose sob controle. O mesmo acontece com a resposta ao tratamento odontológico: é pior nos diabéticos na comparação com os que não têm a doença.

Além das doenças da gengiva, o paciente diabético pode apresentar complicações durante uma cirurgia e problemas ósseos na integração do implante. Ele pode ter maior sangramento e dificultar a colocação do implante, sem contar que a cicatrização pode ser mais lenta.

Tratamento odontológico para pacientes com diabetes

O tratamento odontológico só será realizado se o paciente estiver com o nível de glicose no sangue controlado. Caso a glicemia esteja abaixo de 70 ou acima de 300, ele deve ser encaminhado ao médico e nem começar o tratamento no consultório do dentista.

O profissional deve pedir uma bateria de exames antes de qualquer procedimento: exame de sangue completo e radiografia panorâmica para avaliar se há comprometimento periodontal.

O tratamento para pacientes diabéticos tem de ser personalizado, já que eles são mais propensos a ter hemorragias e dificuldades de cicatrização.

É importante diagnosticar e ter controle sobre a doença periodontal, já que ela favorece o aumento da glicemia no paciente diabético. Estudos científicos comprovam que tratar a doença estabiliza a taxa de glicemia.

Cuidados bucais

Dentistas orientam que pacientes com diabetes façam visitas regulares ao dentista – no máximo, a cada seis meses – e mantenham uma boa higiene bucal. A higienização bucal correta é a melhor aliada dos diabéticos na prevenção de doenças bucais, que podem aparecer pelos altos níveis de glicose no sangue. O cuidado com a saúde bucal é importante porque essas doenças nos diabéticos são mais agressivas e os cuidados devem ser redobrados.

O dentista deve orientar o paciente sobre como fazer a higiene bucal da forma correta, com dicas sobre técnicas de escovação, uso do fio dental, de raspadores de língua e de enxaguantes bucais. Os diabéticos precisam escovar os dentes pelo menos quatro vezes ao dia e a escova deve ser com cerdas macias e cabeça redonda.

Tratamento e controle do diabetes

O controle do nível de glicose no sangue evita complicações. Em jejum, a glicemia deve ser inferior a 100 mg/dl. Duas horas após uma refeição, não pode ultrapassar 140 mg/dl.

Alimentação equilibrada, peso saudável e exercícios físicos regulares ajudam a baixar a taxa de glicemia. Existem medicamentos para o controle do diabetes; o médico indicará o que melhor se encaixa no perfil do paciente.

Se você é um paciente diabético, ou tem alguém com diabetes na família que vai passar por um tratamento odontológico, não se esqueça de informar ao seu dentista para que os cuidados devidos sejam dados a você ou seu familiar.

Qualquer questionamento, procure hoje mesmo um de nossos especialistas que estão capacitados a te instruir e responder eventuais dúvidas.

Esperamos que este artigo tenha sido útil.

E não se esqueça, a saúde do seu corpo, começa pela sua boca!